sábado, 6 de novembro de 2010

Como não ser "Verde"?


Quando se fala em “ecologia”, em “ecologistas”, em “ambientalismo”, logo pode vir a imagem construída de alguém defensor intransigente da natureza, das coisas da natureza. E creio que devam existir muitos daqueles que de forma radical, por uma razão ou outra se encontram inseridos nessa definição comum quando se trata de conceituar visões e ações que visem dar um destaque à natureza, sob um aspecto humano.

Fugindo desses rótulos e modelos sempre impostos pela humanidade no intuito de verificar, ou definir em qual área os seres humanos trafegam, defino o ser “Verde” como alguém que observa a natureza, é um observador e apreciador da natureza, não importando o motivo dessa percepção ser levada a termo.

Temos muitos exemplos de pessoas que foram além da simples apreciação da natureza e devotam ou devotaram as suas vidas em alguma ação voltada não apenas para a preservação, como associaram que os seres vivos em sua totalidade têm em si, ou guardam a essência primeira do Criador; ou que o Criador “fala” através de Sua criação, fazendo com que uma parcela da humanidade consiga chegar ao Criador através dessa perspectiva. E essa percepção está fadada a todos.

Lembro de um amigo, há vinte anos, quando eu estava em um estágio remunerado, no começo de minha vida profissional, e costumávamos conversar durante um intervalo para o cafezinho, e lembro-me de uma conversa que tivemos, onde não lembro porque cargas d’águas a conversa descambou para esse lado, mas ele narrou a sensação de, ao estar sentado na mesa da cozinha da casa de sua mãe no interior do estado, onde por esse tempo se tornou apenas um local de visita, pois ele havia se mudado para a capital com vistas a melhores condições profissionais, e narrava o revoar das abelhas jandaíras à mesa, à cata do açúcar espalhado pela mesa. E segundo ele, eram tão mansas que pousavam em sua mão, andavam pela sua mão sem causar nenhum dano.

Aquele relato singelo, feito com simplicidade, transbordava com riqueza a sensação agradável, digna de memória, que esse momento proporcionou ao meu amigo; relato tão rico, que mesmo àquela altura, quando nem ao menos suspeitava que anos depois estaria muito envolvido com abelhas, mesmo assim proporcionou a construção em minha mente da cena que deveria ser agradável e que trazia ao meu amigo lembranças agradáveis.

Por isso que ser “Verde” é levar em consideração outros aspectos da criação, além dos aspectos construídos pela humanidade, procurando ver que esses outros aspectos da criação demonstram que a existência humana é apenas mais uma existência na face da terra; talvez a existência que tenha logrado êxito em termos de desenvolver meios mais eficazes de sobrevivência, ou numa linguagem biológica, encontrou meios mais eficazes de perpetuar a sua espécie, mas que mesmo assim, as outras existências merecem o seu lugar e continuam na luta pela sobrevivência, “luta” essa que muitas vezes provoca beleza.

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